segunda-feira, 23 de maio de 2011

Preferia Não Dizer.


Não queria dizer nada.
Queria permanecer aqui, calada, sem pranto e sem reza. Sem acreditar, já. Seca; silenciosamente seca. Não queria te ver partir, assim sem mais. E ainda parece um sonho mau que vai terminar dentro de alguns segundos. Mas eu me esforço, e me destroça por dentro essa minha tentativa de acreditar que sim, que me deixaste, e que você se foi tão cedo, depois de chegar tão tarde.
Havia música para toda uma vida, meu bem. Havia e há muito amor. Esse que tu já não crês que existe, depois de chafundar em tanta merda literária, tanta cultura de espinhos. As evidências são aquilo que nos motivava, e que a mim agora, me mata por dentro aos poucos.
Mas sigo insistindo em perguntar: onde foi parar tudo aquilo que existia? Já não te pergunto a ti pra que não tenhas que mentir-me mais; te poupo dessa vergonha.
Eu agora mesmo só necessitava saber o que fazer com toda essa imensidão, já que tenho tentado de tudo - buscar teu beijo em outras bocas, teu sexo em outros corpos, teu olhar em outras caras. Te busco e vou me perdendo de mim mesma. Te busco e não te encontro em nenhum lugar, nem em ti mesma. Dentro de mim sim, eu te encontro, e te tenho saudade como quem recorda a alguém que já não vive, que já não está.
E isso dói.


Por Dani Cabrera

4 comentários:

  1. Conheço a dor que sentes. "É mais fácil amar de novo, do que olhar para trás." Jair Bloch

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  2. Não conhecia essa outra face da Dani, mas gostei. Pode parecer cruel gostar da tristeza alheia, mas reconhecer-se na dor do outro pode ser como uma divisão nos pesares. Que seja realmente assim. Que sejam doces (logo) os teus dias!

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  3. Que sejam doces. Não sei o caminho pra consertar tudo isso. Mas que sejam doces em breve.

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